sábado, 11 de abril de 2015

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De puta, de criança, de maluca. Toda
mulher tem um pouco. Falo por mim
porque vivi pouco tempo para fazer
afirmações maiores. Falo por mim
porque estou egoistamente presa na
minha própria descoberta e
existência. Mas pelo que tenho visto
por aí, toda mulher tem um pouco de
tudo. E como é difícil ser feliz com
tantos poucos para agradar. Fora os
milhares de hormônios que tornam
cada um desses poucos mais do que
dá para aguentar. E a cada suspiro,
meus poucos se atrapalham: estou
feliz ou com medo? Estou cansada
ou excitada? Estou carente ou
encantada? Estou fria ou fugida?
Numa única noite, eu fui um pouco
tudo, eu quis um pouco de tudo.
Quando alguém vai acompanhar meu
ritmo? Eu quis que ele não soubesse
meu nome, depois quis ter o dele
logo depois do meu. Eu quis que
ninguém soubesse de tamanha
traição. Depois, quis gritar na janela
como o proibido era sopro no meu
coração. Eu quis sentir o poder de
abalar com a vida dele. Depois, quis
que ele voltasse direitinho pra casa
e esquecesse que existe a fraqueza.
Eu quis ele por uma aventura, uma
risada, uma distração. Depois quis o
colo dele para sempre, mas fiquei
com o meu pouco puta estampado
na cara. Como eu preciso ser amada,
meu Deus, pra parar de dar de
bandeja o meu sorriso por aí. Eu
tenho meu pouco criança estampado
em cada linha que escrevo e em
cada bobeira que falo na espera de
atenção. Maluca? Nas raras vezes
que sou séria, me sinto tão maluca
que devo ser sempre maluca. De
pouco em pouco encho o papo de
ansiedade. Quando o muito virá? Eu
nunca poderia ser feliz sem meu
pouco trágica. Eu nunca posso estar
satisfeita sem meu pouco idealista e
eu nunca poderei ser mulher porque
ainda falta pouco, muito pouco, mas
eu sei que sempre faltará. Me
completo de poucos, mas sigo
esperando demais de tudo. Comida
para cada um desses poucos que
são buracos na minha alma. Meu
pouco puta, safada, tarada não tem
um pingo de compostura. Meu pouco
criança sofre e se diverte com o meu
pouco louca. Meu pouco adulta
perdoa tudo porque tem total
consciência do meu pouco criança.
Mas cada pouco espera o grande
momento. A grande virada. O longo
suspiro de paz. Cada pouco espera o
colo, a excelente trepada, o beijo
silenciador de neuroses, o abraço
aquecedor de angústias. Cada pouca
criatividade espera o salário digno, o
carro novo, o cheiro de cada coisa
minha conquistada. Corro no
desespero desses dias, da vida que
virá, dos sonhos realizados, da
felicidade, do sorriso banguelo da
pureza infinita de um ser gerado por
mim. Da luz. Meu pouco pessimista
sabe que nada disso pode
acontecer. Mas sigo com meu pouco
otimista, aprendendo que ele a cada
dia aumenta um pouco. Quem em
cada pouco põe tudo que é, merece
ser feliz.


Estou tão certa,tão segura e capaz, ausente, presente sem horas. Fora do tempo, dos dias, estou dentro de mim, ocupada construindo minha felicidade ser feliz e amada me consome toda. Nunca estive tão inteira!!


É melhor atirar-se à luta em busca de
dias melhores, mesmo correndo o risco
de perder tudo, do que permanecer
estático, como os pobres de espírito,
que não lutam, mas também não
vencem, que não conhecem a dor da
derrota, nem a glória de ressurgir dos
escombros. Esses pobres de espírito,
ao final de sua jornada na Terra não
agradecem a Deus por terem vivido,
mas desculpam-se perante Ele, por
terem apenas passado pela vida.

Bob Marley

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