terça-feira, 27 de abril de 2010

Escrevo só de ti

Porque de orgulho são tão nus meus versos,
tão limpos de contrastes e mudanças?
Porque, com o tempo, não vão sendo imersos
em novo estilo e estranhas esquivanças?


Porque escrevo eu sempre tão igual ao que era,
mantendo-me fiel ao que inventei,
que cada termo é como se dissera
quanto de mim procede, que o gerei?


Que é só de ti, meu doce amor, que escrevo,
contigo e Amor aos devaneios basto,
e o meu saber de poeta é este enlevo
de ainda outra vez gastar o que está gasto.
Tal como o Sol é novo cada dia,
assim do Amor eu digo o que dizia.






 Se considero quanto cresce vivo,


e atinge a perfeição só por instantes;
e que este imenso palco está cativo
de ocultos astros fortes e inconstantes;




Se atento que Homem como planta aumenta,
do mesmo céu domado e guarnecido,
e que da seiva juvenil que o tenta
quando é mais forte é que será esvaído;


então o conceito deste incerto estado
mais rico em juventude em mim te cria,
ao ver que o Tempo a te mudar se há dado
em noite escura esse tão claro dia.
Com o Tempo em guerra por amor de ti,
o que ele te rouba, eu te reponho aqui.

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